sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ponto de vista

Quem era ela?

Já não sabia,
se o que via,
era a que rias,
a que encantaria,
a que narraria,
com tanto amor,
mas tanta ironia.

De quem são os olhos?
De quem são os modos?

Era o de fato
ou apenas retrato?

O que de real,
um quê de ressaca,
física e moral
que inebria,
que contagia,
que encanta.

Quem era ele?

Em seu modo torto,
no seu narrar roto,
a trazer certo desgosto,
amargura estampada no rosto.
fel na pena,
história que condena.

Mas o que seria dela,
sem que ele
estendesse passarela,
sem que lhe desse a tela,
a pintá-la assim tão bela.

Que só assim é feita,
tão sublime e tão perfeita,
essa encantadora sujeita,
em sua dança de cigana
poderia ser profana,
quiçá até mesmo tirana.

Mas ele, e seu jeito tenro,
sujeito até mesmo ingênuo,
flechado no coração.
Ainda que em certo trago,
ainda que em gosto amargo,
deu-nos bela visão.