terça-feira, 29 de agosto de 2017

Sem eira nem beira

Hoje tem filme de Carlitos
Por isso, meu bem
Não grito.
Não me irrito.
Frito

Uma porcão de batatas
E sento para espiar

Não chore,
Já bem disse outro Carlos
Aquele seu poeta favorito
Que diz que amor
Bate mesmo é na aorta.

Na porta?
Só as cartas que chutei
Os versos que rasguei
E que ignoro

Melhor rir
Do que chorar
Melhor rir
Do que partir
Melhor rir

Não sei se de comédia
Ou de desespero
Não sei da falência
Ou da tv que nem espio

Espirro
Mais de alergia
Que de alegria
Hoje é agosto
E a ventania
Está de matar

Fecho a porta!
Amor, seu lugar é na horta
Plantando aquelas batatas!
Baratas filosofias
Que agora fias em alguma mesa.

Enquanto como as fritas
Enquanto a tv grita
Num filme mudo
Enquanto agita
Dentro de mim
Alguma dor.
Que me bate.

Sem eira nem beira
Essa canção de terça-feira
Meu pijama azul escuro
Amor subindo no muro
Mais um copo está puro
Tá lá mais um copo
Tá lá mais um corpo

Nessa rima que inventei
Pra bater no amor
Esse bicho instruído
Esse louco varrido
Que fere.

Será que sara?
Quando casa?
Quando acaba?
Quanto afã?
Será que nunca?
Será amanhã?



quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Pirata

E no que busca
Está a fuga
Do que insiste em silenciar
E apagar
E velar
E esconder...

O que buscas nesse mar
Nessa embriaguez
Nessa ressaca.
Será voz doce?
Será sua tez?
Será a velha lembrança?
Será calmaria?

O que será?
O que seria?

Mistério que guarda
Hermético baú
Que busca em silêncio
Que grita.

E me leva nessa vaga
Onde vago
E apago
Para esquecer
Para não ser
Triste corsário
Seu itinerátio
Nunca foi meu mar!

E de amar
De amor
Sigo
Firme leme
Na praia que aporta
Seu cais, seu porto
Que de seguro
Talvez esteja morto

E vivo
Sem saber por que procura
Essa latência
Essa insistência
Inconsistente
E silente vai
Ruma ao passado
Que é velho

Mas que volta
Tempos em tempos
Nessa rima em ambiguidade
Em algum naufrágio
Lembrança
E agita
E me afoga
E me sufoca.

E vai...
E vem
E some...
Em ondas
Em onde nem espero
Nem quero.










terça-feira, 8 de agosto de 2017

Eu queria escrever...

Eu queria escrever
Um verso lindo
Para dizer o amor
Que vivo e sinto.

Eu queria escrever
Meu melhor poema
E celebrar nossa primavera
Que faz flor em frio agosto

Eu queria escrever
Pequena trova
Que te dissesse
O quanto amo
O quanto sinto
O quanto espero

Eu queria escrever
Em algumas rimas
Nosso sagrado
Nosso segredo
O que segrega
O que edifica
E faz canção

Nesses versos de hoje
Nossa história
Essa memória
Esse poema
Que se põe
Caneta e papel
No céu
Do nosso amanhã
Da nossa manhã

Que eu queria escrever
E te dizer
Ainda que brega
E por nesse papel
Que eu te amo!

Eu queria escrever
Verso livre
Do tipo que lês
Em nossos livros
De nossa estante
E nesse instante
Saltasse a emoção

Do que eu queria escrever
como o poeta favorito
que sequer sei precisar.
Só sei que preciso
desse verso
em seu riso
seu crivo
vivo

esse amor
essa cantiga amiga
em cem rimas
do que sinto
e queria escrever.