segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Espaço

Meu lado é o maior
Porque nele cabe, comigo,
As palavras que te digo
E as outras que não consigo

Comigo está o meu amor
Um pouco de cobertor
Alguns sopros do ventilador
Os versos do trovador
Que li, e me lembram você.

Estão as memórias
Dos meus livros de cabeceira
Minhas histórias de toda sexta-feira
Meu pequeno grande mundo
Que é seu.

E que te divido
Te levo comigo
No meu abraço
No nosso cansaço
Que se desfaz
Toda vez que te ocupo
Não te culpo

É estreita minha torta maneira
Meu falar tanta besteira
É tão grande a penteadeira
Em que estão tantas coisas
(Inclusive seu perfume)
É tão pequena essa fagueira
Vida que te divido

Meu espaço é maior
Porque te levo sempre comigo
Até quando está ausente
Quando não sente
Que estou ali.

Mas ali estou,
Porque maior que meu espaço
Só mesmo o meu amor.

Meu amor,
O que é meu e é seu não existe
Dentre o que levo ou deixo
Tudo é uno
Tudo é único
Tudo é nosso
E assim, sempre que posso
Deixo um tantinho pra lá.

Para que você caiba
Para que você saiba
Para que nunca acabe
O que você,
se não sabe,
Faço questão de versar.

Meu espaço
Meu cansaço
Meu regaço
Meu lençol
Meu farol
Meu colchão
Minha paixão
Tudo tem um só tamanho
E só cabe se tiver você!

sábado, 6 de janeiro de 2018

Outra canção

Por que repito
Esse mesmo rito
Esse mesmo grito
Silente

Outra canção
Aquela mesma ainda
Que toca no rádio
E que não ouço

Pois meus ouvidos
Ficaram moucos
Meu verso rouco
Para dizer
O que nem sei.

Nesse vazio
Vadio tempo
Que faz inverno
Em pleno janeiro

E que me leva
Aos mesmos lugares
Mesmas palavras
Mesmo versar
Que não é esse

Mas de conversar
Já se cansou
Desencantou
Esse meu canto

Esse escanteio
Que de canto ri
Amarelado
Do seu sorriso
Do ensolarado
Que está lá fora

Mas aqui dentro
Só um intento
De entender
De que me entendas
De que surpreendas

De que me verses
Quaisquer palavras
Tão dedicadas
Tão comentadas
Mas pouco faladas
Quando me ruma

Em verso mudo
Não sei se iludo
Ou se me mudo
Não sei se nada
Ou se é tudo.