Enquanto borda uma vida
Enquanto tece o tricô
Enquanto fia
O fio
Os filhos
A família
O sorriso
Os casaquinhos de lã
A tarde nublada
Noite enluarada
Caminhos e estrada
Em cada fio
Um desafio
A lã branquinha
Faz sapatos
Pra nova vida
Faz casaco
Pra aquecer a partida
Faz toalha
Faz pano
Faz vida.
Doce mão de senhora
Tecia outrora
Já não mais agora
Acabou o novelo
Acabou a novela
Acabou a espera
Deixou seu bordado
Terminou o seu fardo
E como num fado
Fadado
E fica seu recado
Fica seu legado
Em vestes e sonhos
Em momentos risonhos
Nas lembranças
Nas crianças
Suas heranças
Sua fé
Seu café
Sua sanidade
Na verdade
Deixa a vida
Mas não a deixa
De fato
Ficou o pequeno sapato
Ficou o porta retrato
Ficou de fato
Seu cesto
Suas agulhas
Suas lãs
Suas linhas
Seu trilho
Sua lembrança
Seu amor
É sua herança!
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Duplo sentido
Com que palavra
se lavra
a larva?
Com que defeito
com que jeito
"inter jeição"
rejeição
tanto não
tanta mão
pouco pão
muita letra
muita mutreta
palavra escrita
muita jogada
muita malícia
palavra errada
duplo sentido
sentido
no ouvido
no olvido
que leva a vida
e que se enleva
na despedida
despeço
cumprimento
sem comprimento
desse verso
que pode ser doce
pode ser deleite
ambígua idade
outubro
ou nada
se lavra
a larva?
Com que defeito
com que jeito
"inter jeição"
rejeição
tanto não
tanta mão
pouco pão
muita letra
muita mutreta
palavra escrita
muita jogada
muita malícia
palavra errada
duplo sentido
sentido
no ouvido
no olvido
que leva a vida
e que se enleva
na despedida
despeço
cumprimento
sem comprimento
desse verso
que pode ser doce
pode ser deleite
ambígua idade
outubro
ou nada
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Há gosto
Eu gosto
Desse contra gosto
Que sempre surge
Quando vem agosto
Já dissera
Em breve, a primavera
Na flor que se esmera
A enfeitar varandas
Espera
Mais dias
Mais semana
Se fia
Nessa amargura insana
Que mal diz
É só um mês
É uma vez
Uma chance
De um relance
De romance
Não há tal
Não há mal
Não há desgosto
É só um mês
É a seu gosto
É só agosto!
Desse contra gosto
Que sempre surge
Quando vem agosto
Já dissera
Em breve, a primavera
Na flor que se esmera
A enfeitar varandas
Espera
Mais dias
Mais semana
Se fia
Nessa amargura insana
Que mal diz
É só um mês
É uma vez
Uma chance
De um relance
De romance
Não há tal
Não há mal
Não há desgosto
É só um mês
É a seu gosto
É só agosto!
sexta-feira, 10 de julho de 2015
Reverso
Silêncio no jardim
Será a noite
será a sorte
ou seria o inverno?
Se ainda não há primavera
pra que espera?
As palavras de outrora
não vêm a essa hora
Seria a seca de outono?
o que justifica o vazio
de tanta lavra
tanta palavra
tanta emoção
Findou-se a rima!
O que revive essa quimera
Onde se escreve a primavera?
Onde está o doce trovador?
Em rima rica
pobre
poeta
Já não mais usa
onde sua musa
em meio a versos sombrios
vazios
Silêncio no jardim!
Será a noite
será a sorte
ou seria o inverno?
Se ainda não há primavera
pra que espera?
As palavras de outrora
não vêm a essa hora
Seria a seca de outono?
o que justifica o vazio
de tanta lavra
tanta palavra
tanta emoção
Findou-se a rima!
O que revive essa quimera
Onde se escreve a primavera?
Onde está o doce trovador?
Em rima rica
pobre
poeta
Já não mais usa
onde sua musa
em meio a versos sombrios
vazios
Silêncio no jardim!
sábado, 4 de julho de 2015
Intervalo
Falo
desse intervalo
desse silêncio
desse estêncil
que fez rascunho
e cunho
de páginas brancas
que não foram escritas
não foram ditas
mas foram vida!
desse intervalo
desse silêncio
desse estêncil
que fez rascunho
e cunho
de páginas brancas
que não foram escritas
não foram ditas
mas foram vida!
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Fita fina
Caminho de flores
o que caminha
rumo ao sonho
trilha insegura
desconcerto
falta de acerto
falta de aperto
falta de rocha
falta edificar
trilhar intimidades
caminhar dificuldades
conjugar amenidades
juntar
mais que dizer
mais que afirmar
é firmar em base
apertar o laço
de que adianta o estático?
o belo sorriso
em registro?
de que adianta
o caminho vazio?
de que adianta
o barulho do sino?
se a terra é de surdos
pedido mudo
perdido mundo
esse das aparências
falta essência
falta vivência
falta a pauta
à mesa do café
falta o bom dia
falta o doce deleite
junto ao pão
falta a junção de toalhas
falta rotina, essa navalha
que fere, mas não destrói
falta a traça que corrói
os livros, os discos
mas não o amor
aeroporto sem teto
onde o afeto?
onde esse feto
que hoje começa
até não se sabe quando
até onde se espera o sempre
sempre
até que a vida
e o que ela ensina
até que a sorte
ou sua rima
faça ou desfaça
em fita fina
ou desenlace
suave sina.
o que caminha
rumo ao sonho
trilha insegura
desconcerto
falta de acerto
falta de aperto
falta de rocha
falta edificar
trilhar intimidades
caminhar dificuldades
conjugar amenidades
juntar
mais que dizer
mais que afirmar
é firmar em base
apertar o laço
de que adianta o estático?
o belo sorriso
em registro?
de que adianta
o caminho vazio?
de que adianta
o barulho do sino?
se a terra é de surdos
pedido mudo
perdido mundo
esse das aparências
falta essência
falta vivência
falta a pauta
à mesa do café
falta o bom dia
falta o doce deleite
junto ao pão
falta a junção de toalhas
falta rotina, essa navalha
que fere, mas não destrói
falta a traça que corrói
os livros, os discos
mas não o amor
aeroporto sem teto
onde o afeto?
onde esse feto
que hoje começa
até não se sabe quando
até onde se espera o sempre
sempre
até que a vida
e o que ela ensina
até que a sorte
ou sua rima
faça ou desfaça
em fita fina
ou desenlace
suave sina.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Levada
Nesse mar que navega
essa vela que leva
e vela, e leva, e revela
e enleva
Mar adentro
mar alento
Além do rio
Alentejo
Belo fado
nesse recado
dado
em vez e voz
Foz
remanso
rio manso
maré
mar e rio
leito e margem
imagem
suas iaras
suas sereias
suas areias
cercadas de fé
de entrega
em que navega
a rainha
minha cantiga é sua
minha cantiga nua
que se tece
em forma de prece
que abraça e agradece
essa vela que leva
e vela, e leva, e revela
e enleva
Mar adentro
mar alento
Além do rio
Alentejo
Belo fado
nesse recado
dado
em vez e voz
Foz
remanso
rio manso
maré
mar e rio
leito e margem
imagem
suas iaras
suas sereias
suas areias
cercadas de fé
de entrega
em que navega
a rainha
minha cantiga é sua
minha cantiga nua
que se tece
em forma de prece
que abraça e agradece
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