terça-feira, 29 de julho de 2014

Automático

Automatiza
autônoma ação
ao progresso diz sim
pro homem diz não
põe fim ao sino da fábrica
às conversas de corredor
aos assuntos de elevador

Essa máquina
domina
esse homem
que maquina
e maquia
e termina
determina
nova rotina
de seres rotos
de pensamentos ocos

Robô
que roubou
que informatizou
que a metáfora matou
nesse império da razão
nessa era da evolução
em meio à tecnologia
quem automatiza a poesia?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

me chamo te amo

Não me chamo Antônio
não me chamo outono
não me chamo antônimo
não me chamo antítese
não me chamo tese

me chamo
quando te chamo
quando te amo
quando te tanto
quando me encanto
com seu encanto
com esse encontro

com esse nome
que nem importa
como se chama
se inflama
nessa chama
nossa cama
nosso quintal

por que me chamo
eu te amo

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Contradição

Essa rota
Rôta
Torta
Opaco espelho
Que mais oculta
Que não reflete
Reflexo e reflexão
Diz sim ao não
E não se manca
Se tranca
Dedo que aponta
Trágica tela
Martela
Tão tolos pregos
Disputa de egos
E arrota
A figura torta
Em frágil caminho
Constrói seu curral
Gesto tão banal
Assim tão boçal
Quanto os poderes
Quanto os deveres.

Cooperação
Coopera em ativa
Inativa
Roda viva
Que insiste em girar
Em falar
Em calar
Em banir
Em oprimir
Em opor
Em pôr a dispor
Tanto riso
Em juízo
Tanto gesto preciso
Tanta ordem
Tanta opressão
Contradição