terça-feira, 27 de agosto de 2013

Bem ou mal

Por que de mal?
Que mal há
no vazio
no estio
no silêncio.

Oco,
toco,
tosco.
Imposto?
Quanto se paga
o que não apaga.

De bem?
O que tem?
Será que convém,
tanto porém,
um tempo além,
um certo desdém,
eu, feito refém.

Bom mesmo
é o bendito
que em seu dito
em seu canto
tão bem escrito.

Disse
em letra,
em música
e tom
Cruel é o bem
E o mal é bom.


terça-feira, 13 de agosto de 2013

A deusa coroada

Por que insistes em descer
do alto em que te ponho?
Por que depões meu sonho?
Por que esse ar tristonho?

Teimosa criatura!
Enche de amargura
meu mundo de ideias
minha pouco sincera
imagem que fiz austera
minha rima, minha quimera.

Entre coroas, posta
pouca resposta
insana proposta
no que se mostra
no que se imposta

Enlouqueço!
Me entorpece
esse erro todo
Me entorpece
esse ar de nojo
Me entorpece
esse seu despojo
Me entorpece
seu humano jeito
Me entorpece
tanto defeito
Me entorpece
o que fiz, desfeito.

E assim,
quando o chão pisa,
quando meu ser divisa,
quando não me realiza,
quando se humaniza
Faz de minhas palavras
duras flechas!

E ao te ver deposta
ao te ver exposta
tão displicente,
com meu olhar já descrente,
chorando aquilo que sente,
sentindo tanto, que mente,
mulher tão incoerente,

vivendo de maneira errada,
tão deusa, mas tão marcada
ferida e maculada
digo, a acertar-te o peito
com a dureza de uma facada
Este não é o lugar
Para uma deusa coroada!


domingo, 11 de agosto de 2013

Segunda Conjugação

Perdida a esperança,
colocada numa balança,
ainda restou a dança.
ainda a perseverança.

Num momento de cansaço
nasceu o desabafo.

Ainda resta o mundo,
ainda resta o profundo,
ainda resta o riso,
ainda resta o preciso.

Resta o infinito,
o gerúndio,
vivendo,
aprendendo,
jogando,
e por que não
esperando?

No eterno recomeço,
paradigmas mudados
O que conjugava se foi.
Em tempos tão passados.

Perfeitos ou imperfeitos?
Que determina esse jeito?
tempo e modo de um ser
que precisa ser refeito.

O que vem depois?
Inspiração ou intuição.
Da criança que espera viver
em segunda conjugação!



terça-feira, 6 de agosto de 2013

Balança

Que critérios?
Não há mistérios
Não há contagem
Não há pesagem
pra massa morta.

Inexistente,
inconsistente,
inconsequente.

Não há consolo
é desafogo
do copo cheio
provém o fogo.

Flamejante,
incendiante,
cortante,
delirante.

Sem equilíbrio
desse peso
que pende,
imóvel
no peso morto.

Desequilibro
nessa balança
que me lança
nessa dança.
Não perco bondes,
mas perdi a esperança!


domingo, 4 de agosto de 2013

Questão de interpretação

às vezes me sinto muda,,
às vezes me sinto nula,
às vezes me sinto duas.
só sinto sempre
que sou sua.

Meu medo escorrendo
entre tão pequenos dedos.
Como segurar em minhas mãos?

Me faltam versos,
Me faltam verbos.
Me sobram incertezas,
me resta só defesa.

me sobra a correnteza
que me arrasta
e me leva,
nessa ressaca.

sobra o que sou,
o que talvez não veja,
sobra o que vê
e que talvez não seja.

sobra o ambíguo,
sobra o sentido,
sobra o dito,
o entendido,
o corrigido.

sobra essa minha canção
sobra a sua visão
questão de interpretação