segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Mais um verso

Queria mais um verso
Pra terminar aquela antiga canção
Esquecida
No fundo de qualquer gaveta
De qualquer armário empoeirado
De qualquer tempo

Meu verso qualquer
De te dizer alguma coisa
Mensagem essa de que me lembro
Mas já esqueço

Meu verso, avesso
A esse mundo estranho
Numa tarde de castanho outono
Ou de seus olhos de verão.

Meu verso, menino,
De ambiguidade
De uma cidade qualquer
Data longínqua
Que não assino 
E talvez nem escreva

Meu inverso, 
Universo paralelo
Onde estou e de onde já fui
Um dia.
Quem diria?
Quem dirá 
Essa palavra morta
Que já não ponho
Mesa e cadeira
Para por palavra por palavra
Em rima e linha

Meu universo
Meu poema
Que esqueci num livro qualquer
De alguma saga de algum herói
Que um dia quis ser
Mas que não foi
Possível canção.

Meu verso pra dizer nada
Nem uma palavra rimada
Nem sol, nem tarde, nem estrada
Sequer palavra enluarada

Pois já não quero mais
Dizer mais nada
Silêncio!
E ponto!
Meu verso esse
Que não mais quis
E que não diz

Queria,eu, mais um verso!