sexta-feira, 6 de junho de 2014

Sem título

Mesmo sem título,
ainda é poema
fechado, contrito
assim, num sistema
de silêncio restrito
meio a tanto problema.

Ainda sem rima,
a palavra reanima
o que se escreve
o que se diz
o que se quis
mas não condiz.

Que os gritos de horror
momentos de dor
sangue incolor
que escorre diariamente
E a gente nem sente
e a gente consente
E a gente?

Com as mesmas letras
que se adoça, se mata
de bar em bala
e o peito estala
e o medo instala
e a gente cala.

Quanta vala!
Quanta vela!
Quanta noite de espera!

Nesse verso que não diz
Na falta de melhor canção
Falta sílaba, escansão
Numa poesia
rubra de sangue
Desse momento em que
estanque
Faço verso, ganho voz
Quero eco, quero paz
Assim, num grande dilema,
De encontrar, talvez, Certeza,
Para titulo desse poema.