terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Paradoxo

Numa manhã de sol
Eu li seus versos
Mas fazia vazio aqui dentro.

O tempo esvazia as palavras
Mas será que preenche de amor?

Sorvi seu cheiro
Que saiu tão cedo
Névoa que não tenho nem toco.

(Ponho um sorvete para viver esse vazio)

Está oco meu pensamento.
Já apaguei as linhas tantas vezes 
Que gastei
A borracha
Gastei 
A falácia

Me gastei.

Me gosto assim poeta
Mas sempre que me sai um verso
É porque quero gritar.

Meu paradoxo
De te escrever
O que não queria estar dizendo.

Achei meus versos
Daquela primavera
Em que te ofertava flores
Achei minhas dores.

Achei amor no singular
Singelo
Achei você!

E onde estou eu?
No capítulo de ontem
Que deixei de ver
Para te acompanhar
E ficar vazia
Achei a voz que canta.

"Onde estará o meu amor?"

Onde?
A sua voz
A sua tez
A nossa vez...

Achei saudade
De uns versos em que me vi
Nem sei mesmo se estava ali.
Mas eu me li.
Me achei.

Mas me perdi.
Pois sinto falta
De te ter
Falta de te ser
Sempre sua.

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