segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Para receber um novo amigo

Já começamos velhos
Já começamos presos
Já começamos tesos
No que se foi e já deixa vago
Nosso projeto.

De amor e de amar
De Marias, de Marielles
De todos aqueles
Que fizeram do luto
A sua luta
Mas que não perderam

Ao que se vai, um breve adeus
Não de esquecimento,
Mais até de livramento.

Ao que chega, uma interrogação.
Para onde ir
Quando as portas
Parecem fechadas?

Quando tudo parece arrancado
Quando tudo parece assassinado
Por uma mão vil e oculta
Que nos segura o pescoço
E nos arranca a voz.

(O brado silencioso em meu peito é latente.)

Arrancaram nosso sorriso
Minaram a nossa força
Ocultaram-lhe a face
Sua urna é lacrada!

Só que as ideias são infalíveis
E às balas sobrevivem,
Ainda que de canhão.
Nossos sonhos não morrem
E nem envelhecem
Assim como já diziam
Na canção de alguma esquina.

Em que viramos e sumimos
Para renascer!
Semente enterrada
É certeza de planta nova.

Já se vai o velho
Para chegada do novo
Que ainda que incerto
É bem-vindo!




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